segunda-feira, 18 de junho de 2012

Infecções na boca interferem na saude do resto do corpo

Fique atento: inflamações na gengiva, placas dentárias

Efeito cascata — As infecções bucais podem causar prejuízos aos demais órgãos por dois processos inflamatórios diferentes. No primeiro e mais simples, as bactérias alojadas na gengiva se deslocam pelo organismo e se instalam em determinados órgãos, prejudicando seu funcionamento. Nesse caso está o mais conhecido dos problemas, e o único que é, de fato, causado diretamente pela inflamação na boca: a endocardite bacteriana. "A bactéria da gengiva viaja pela corrente sanguínea até as veias coronárias (que levam sangue ao coração) e se alojam ali, infeccionando a membrana da válvula", diz Rodrigo Bueno de Moraes, periodontista e consultor da Associação Brasileira de Odontologia (ABO). Em abril deste ano, a Academia Americana do Coração (AHA, sigla em inglês) publicou um artigo no periódico médico Circulation confirmando que existe, de fato, uma associação entre a doença periodontal e a arteriosclerose (endurecimento das artérias). Apesar da relação, não é necessário que pessoas com boa saúde procurem um cardiologista a cada inflamação na gengiva.


Há uma segunda maneira pela qual as doenças bacterianas que ocorrem na boca repercutem em outras partes do corpo. Enquanto luta para exterminar as bactérias invasoras que tiveram origem na boca, o sistema imunológico libera diversas substâncias no organismo. Isso causa um desequilíbrio químico, elevando os níveis de substâncias que interferem no funcionamento de órgãos, do metabolismo e de sistemas inteiros do corpo. É o caso, por exemplo, do diabetes. O processo inflamatório na gengiva não causa a doença, mas ajuda a desequilibrar o balanço químico do organismo, dificultando, assim, o controle dos níveis de glicose. Mas a relação entre as condições é uma via de mão dupla. O diabetes, por si só, pode piorar quadros de inflamação gengival.

Em pesquisa publicada no periódico The Journal of the American Dental Association (JADA), o pesquisador IB Lamster descobriu que conforme o índice glicêmico de pacientes com diabetes perdia o controle, os efeitos colaterais da doença nas inflamações da gengiva ficavam mais sérias. Esse mesmo desequilíbrio químico pode estar relacionado ainda com problemas como câncer, parto prematuro e nascimento de bebês abaixo do peso, artrite reumatoide e obesidade. Prestar atenção ao que acontece na boca, está provado, pode ser não só uma boa maneira de evitar doenças, mas também detectá-las.

Fuja das bactérias

Dados epidemiológicos estimam que 90% da população mundial têm gengivite e que 30% têm doença periodontal. Para manter a boca livre das bactérias é preciso escovar os dentes e usar o fio dental, no mínimo, duas vezes por dia. “Não adianta repetir o procedimento dez vezes, se você não escovar ou limpar corretamente”, diz Romito. É recomendado ainda que se faça visitas semestrais ao dentista, com realização de exames de sonda (análise da gengiva) e de raio-X (análise dos ossos do maxilar). O procedimento é protocolar e deve ser pedido em toda consulta de rotina. Alguns materiais, porém, oferecem maior proteção, como, por exemplo, a escova interdental. Ela é mais eficaz que o fio dental para limpeza entre os dentes. Existe também a escova de tufo único, que costuma ser indicada para pacientes que têm doenças periodontais, como um complemento à escova comum.

Sinal de alerta

Mesmo quem mantém uma disciplina exemplar de limpeza dentária corre o risco de deixar algum canto mal limpo, dando brecha para a infestação de bactérias. Segundo dentistas, é difícil conseguir deixar a boca completamente limpa - por isso, a importância da visita regular ao dentista. “É importante lembrar ainda que o fio dental não remove apenas a sujeira entre os dentes. Ele também retira as placas bacterianas”, diz Rodrigo Bueno de Moraes, da Associação Brasileira de Odontologia (ABO). Sangramentos durante a escovação ou o uso do fio dental são indícios de uma possível inflamação – e não de uma limpeza feita de maneira errada.

Fonte: Veja Online/www.oncoguia.com.br



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