segunda-feira, 6 de março de 2017

Por que estou esperançosa em relação ao que o futuro guarda para as mulheres

Participei de um debate algumas semanas atrás e alguém me perguntou como a eleição de Donald Trump afetava a mim, como mulher no Reino Unido.
Não hesitei.
A verdade é que a eleição de Trump não me afeta diretamente, mas o discurso dele reverbera em todo o mundo. O que a presidência dele está fazendo às mulheres nos Estados Unidos – na realidade, o que está fazendo com todas as minorias – é terrível. Mas posso optar por ver meu nível de serotonina cair cada vez que leio sobre Trump fazer algo de estúpido (alerta de spoiler: isso acontece com frequência) ou posso olhar para o lado positivo. E existe um lado positivo, por mais árido o cenário possa parecer.
Este foi o ano em que despertamos.
Ao longo dos anos estivemos todas tentando promover a causa das mulheres, de uma maneira ou de outra, na questão da igualdade salarial, dos direitos reprodutivos, da proteção e do empoderamento das meninas, erguendo nossas vozes contra a violência sexual ou lutando por paridade entre homens e mulheres em todos os setores da economia. Mas este foi o ano em que fizemos isso juntas.
A Marcha de Mulheres atraiu um número sem precedente de participantes: milhões de pessoas em todo o mundo se organizaram com a ajuda das mídias sociais e protestaram juntas.
Desta vez não foram apenas manifestantes brancas e de classe média. Elas estavam lá, mas também havia mulheres, crianças e homens de todas as idades, as cores e as orientações sexuais. Elas até levaram seus cães e gatos aos protestos.
O que tornou a Marcha de Mulheres singular e a converteu em ponto de virada no tratamento que damos às questões relativas às mulheres foi o reconhecimento de que as mulheres não são uma "espécie" que existe isoladamente.
E, embora não seja certo que 52% da população ainda esteja tendo que lutar por direitos básicos de igualdade, meu deus, não foi fantástico que 100% de nós decidimos dar um basta?
Então aqui estamos, prestes a lançar nosso terceiro projeto anual Todas as Mulheres em Todo Lugar, que vai durar todo o mês de março.
Este ano chamamos a atriz Emilia Clarke, a "mãe de dragões" original, para ser a editora convidada de nosso conteúdo de mulheres no Dia Internacional da Mulher, com foco nos direitos das mulheres, igualdade salarial e mulheres por trás das câmeras.
Emilia foi nossa primeira escolha porque ela ergue a voz em defesa do que é justo, é tremendamente investida na luta pela igualdade e tem um senso de humor incrível (se você não a acompanha no Instagram, acredite em nós: vale a pena!).
Ao longo deste mês também vamos festejar e defender as camadas de identidade que nos tornam as mulheres que somos. Vamos dar às mulheres no Reino Unido uma plataforma para compartilhar suas experiências e falar sobre elas.
"Não é possível ser o que não se consegue ver", reza o ditado. Por isso também temos grande orgulho em estar lançando um novo foco sobre as comunidades negra, asiática e de minorias étnicas (a sigla inglesa é BAME), chamado Nascido e Criado, inspirado no HuffPost Canadá. Jamelia vai deslanchar esse projeto com um vlog poderoso sobre sua vivência como mulher negra no Reino Unido.
Temos ideias sobre como você pode participar de grupos de mulheres; estamos falando com os homens que ajudam a fazer a causa das mulheres avançar, e vamos perguntar às meninas adolescentes o que o feminismo significa para elas.
Também vamos trabalhar com a Fawcett Society para explicar exatamente como o Brexit vai afetar as mulheres. Sobre o tema da maternidade, vamos conversar com estudantes que têm filhos e como elas dão conta disso. Também vamos tratar dos desafios que as mulheres enfrentam quando voltam ao trabalho depois da licença-maternidade, tudo isso contado em suas próprias vozes.
Há também nossa plataforma imensamente poderosa de blogs, caso você sinta que tem algo a dizer. Na realidade, seja você mulher ou homem, adoraríamos ouvi-lo ou -la dizendo-o, porque Todas as Mulheres em Todo o Lugar é isso.
"Tenha Coragem para Mudar" é o slogan do Dia Internacional da Mudar. E, se há uma coisa que a Marcha das Mulheres nos ensinou, é que precisamos ser corajosas e ousadas se quisermos que as coisas mudem. Precisamos pôr a boca no trombone e lutar contra aquele discurso.
Você pode optar por se deixar desanimar por Trump. Ou pode optar por ficar conectada, se empoderar e ser encorajada por aquelas de nós que estamos promovendo esta transformação juntas. Sei o que eu escolheria.
*Este artigo é de autoria de colaboradores do HuffPost Brasil e não representa ideias ou opiniões do veículo. Mundialmente, o Huffington Post é um espaço que tem como objetivo ampliar vozes e garantir a pluralidade do debate sobre temas importantes para a agenda pública.
Fonte: http://www.huffpostbrasil.com/2017/03/02/por-que-estou-esperancosa-em-relacao-ao-que-o-futuro-guarda-para_a_21872286/?utm_hp_ref=br-mulheres acesso em 06/03/17 às 05:59h

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