De acordo com a promotora de Justiça Euza Missano, a irregularidade no repasse dos medicamentos deve-se às dívidas acumuladas entre a Fundação Hospitalar de Saúde, órgão que administra o hospital, com fornecedores. "É desumano ver um paciente assim sofrendo, não tem condição. O medicamento não vende em farmácia e se fosse vendido eles não teriam condições financeiras de adquiri-lo", afirmou.
A direção da Fundação Hospitalar alega que as dívidas estão sendo renegociadas, mas ainda não há prazo para que o abastecimento seja normalizado. "Estou diuturnamente junto com os fornecedores , com o setor de oncologia do hospital, procurando resolver o mais rápido possível ", informou Wagner Andrade, diretor operacional.
Ainda segundo o diretor, alguns medicamentos que estão em falta, não constam na lista do Ministério da Saúde. Sobre o assunto, a promotora de Justiça informou que mesmo assim, a fundação deve garantir o tratamento aos pacientes independentemente dos medicamentos constarem na lista.
Em tratamento contra o câncer e necessitando de um transplante de medula, a paciente Juliana Conceição Santos, ficou um mês sem realizar quimioterapia. Segundo ela, isso prejudicou o andamento do tratamento e agora os médicos avaliam se o transplante poderá ou não ser realizado. "Eu só posso fazer o transplante com o mínimo de doença possível, então acabou atrasando muito e me prejudicando pela falta do medicamento", ressaltou.
Por dois meses, outro paciente ficou sem receber medicamentos. "Vou tomar agora, mas também não sei se na próxima semana encontrarei a medicação", disse Arivaldo dos Santos.
A demora na entrega dos medicamentos foi mais grave para a família de uma paciente, que não resistiu e morreu à espera do tratamento. De acordo com a irmã de dona Duzivânia dos Santos, apesar da doença, ela era bastante alegre. "Era animada, alegre, fazia tudo, era o braço direito da minha mãe", recorda Amália dos Santos.
Para o tratamento das crianças, a saída para os pais tem sido buscar ajuda em casas de apoio, a exemplo da Associação dos Voluntários a Serviço da Oncologia em Sergipe (Avosos). Mas, devido à grande demanda as instituições não sabem até quando irão conseguir atender a todos. "Praticamente a gente teve um aumento de 600 a 700% na solicitação de doações de medicamentos oncológicos para o hospital", afirmou Wilson Melo, gerente da Avosos.
"Se não fosse a casa de apoio talvez eu não conseguisse ver meu filho do jeito que está hoje", disse Antônio Jerônimo da Silva, pai de Enzo da Silva, que luta contra a doença.
Fonte: G1 in
- Equipe Oncoguia
- - Data da última atualização: 22/02/2013
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