Pacientes com diagnóstico de câncer devem ser alertados de que tratamento oncológico pode causar infertilidade
Tratamentos contra o câncer, como quimioterapia e radioterapia, podem atingir diretamente as funções reprodutivas de homens em mulheres e causar infertilidade. "Nos Estados Unidos, apenas 40% dos raditerapeutas, 45% dos clínicos e 46% dos cirurgiões encaminham com frequência seus pacientes à preservação da fertilidade de acordo com a American Society for Radiation Oncology, a ASTRO” observa Dr. Maurício Chehin, médico do Grupo Huntington especialista em preservação da fertilidade em pacientes oncológicos. No Brasil, esses números são ainda mais preocupantes. Estima-se que mais da metade dos pacientes desconhecem a possibilidade de preservar a fertilidade antes do tratamento oncológico.
"Quando comecei a quimioterapia os médicos não esclareceram qual seria o impacto do tratamento na minha fertilidade”, conta Flávia Flores idealizadora e escritora do blog Quimioterapia e Beleza. Por sorte, ela já tinha um filho, o que amenizou a notícia de que, por causa do tratamento, não conseguiria ser mãe novamente. A depender da intensidade e frequência do tratamento oncológico, o sistema reprodutivo pode ficar totalmente comprometido, sem possibilidade de reversão do quadro.
"Torna-se imprescindível que o oncologista converse com seu paciente sobre as implicações que os tratamentos contra o câncer possam ocasionar em sua fertilidade futuramente. Os dois podem decidir qual a melhor alternativa” pondera Dr. Mauricio. Caso o paciente opte por preservar a fertilidade, o médico deverá indicar um especialista em reprodução humana para realizar o procedimento.
Os avanços da medicina têm ajudado aos pacientes com o diagnóstico precoce do câncer. Isso aumenta as chances de um tratamento efetivo contra a doença, e eleva as chances de cura. "Quando recebemos a notícia de um câncer, mesmo jovens, a última coisa que pensamos é em ter filhos. Mas depois, quando estamos recuperados, a vida pede atenção para as coisas que são comuns a ela. E se, de repente, percebo que quero um filho, e não posso porque o médico não avisou que, depois da quimioterapia, é extremamente difícil engravidar?”, se questiona Flávia Flores. Quando o paciente é acometido pelo câncer em idade reprodutiva e nunca teve filhos, a preservação da fertilidade pode ser de grande ajuda.
Através da vitrificação, congelamento em nitrogênio líquido à baixíssima temperatura, o paciente poderá ter seus óvulos ou espermatozoides preservados por tempo indeterminado. A tecnologia existente na medicina reprodutiva permite que o paciente inicie a preservação durante pouco tempo antes do início do tratamento oncológico.
"No caso das mulheres, o procedimento é feito entre 10 e 15 dias antes do início da quimioterapia, e pode ser realizado em qualquer fase do ciclo sem que ela tenha que esperar a próxima menstruação. Para os homens, o processo é bem mais simples, são recolhidas e armazenadas de duas a três amostras de sêmen em um período máximo de cinco dias. Após a preservação, o paciente poderá iniciar imediatamente o tratamento oncológico”, esclarece o Dr. Mauricio.
Fonte: Segs in www.oncoguia.org.br
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