Outubro é o mês da prevenção do câncer de mama, quando centenas de cidades são coloridas de rosa para alertar sobre a importância de prevenir e rastrear a neoplasia que mais atinge mulheres no mundo. O que pouco se fala na ocasião, no entanto, é que o câncer de mama não é só cor-de-rosa. Que pode também atingir também homens, embora em apenas 1% dos casos.
A falta de informação a respeito da neoplasia em pessoas do sexo masculino, o tabu relacionado ao autocuidado em saúde entre os homens e o preconceito sofrido por pacientes acometidos pela doença quase exclusivamente feminina, colocam um panorama nocivo, de diagnósticos quase sempre em estágios avançados e que muitas vezes não permitem a cura ou o controle da doença.
Mas por que o câncer de mama atinge muito menos homens que mulheres?
A razão é hormonal. A maioria dos cânceres de mama é dependente do tempo de estimulação do hormônio feminino no corpo. Todas as pessoas, de ambos os sexos, têm hormônios femininos e masculinos no organismo, mas como na mulher a concentração dos femininos é absolutamente maior, a sua exposição a eles também é. É o que explica o médico do setor de mastologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Dr. Sérgio Masili.
"A mama da mulher é muito mais exposta ao hormônio feminino que a do homem. Fora isso, a quantidade de glândulas mamárias na mulher também é muitíssimo maior, assim, há maior área para surgimento do tumor".
Diagnósticos Avançados
Por causa da baixa incidência do câncer de mama entre homens, não há muitos estudos avaliando o comportamento da doença nestes casos ou para o desenvolvimento de medicamentos antineoplásicos específicos aos pacientes acometidos pela doença. Também, o baixo número de casos não justifica o rastreamento populacional, uma razão pela qual os casos são geralmente diagnosticados em estágios clínicos avançados.
O secretário geral da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Dr. Eduardo Millen, orienta os homens a atentarem-se a possíveis mudanças nas mamas. "Devem ficar atentos a sinais como dor, sensibilidade, caroços ou o aumento do volume das mamas, e procurar por ajuda médica imediatamente".
Cabe apontar que normalmente o aumento do volume mamário (ginecomastia) está relacionado a alterações hormonais e não ao câncer. Mas, lamenta Dr. Masili, muitos e muitos médicos, ao deparar-se com casos de pacientes homens com glândula mamaria aumentada, "assumem que é fator relacionado à idade ou a problemas hormonais, sem propor investigação. Tem que ser investigado!".
Há 11 anos, o Sr. Rogério Pacheco (o nome foi trocado a pedido do personagem), 75 anos, residente em Lorena (SP), foi alertado pela esposa sobre marcas de sangue que começaram a aparecer em seu pijama, na região da mama direita. "Isso aconteceu algumas vezes, e certo dia eu estava fazendo a barba diante do espelho e pressionei suavemente o mamilo, que esguichou sangue", relata.
Sr. Rogério imediatamente buscou o médico de sua confiança, um clínico geral. Biópsia feita, e o resultado foi positivo. Câncer de mama. "Eu não tinha a menor ideia que um homem pudesse ser acometido pelo câncer de mama", lembra. O paciente fez a mastectomia total e, felizmente, não precisou realizar tratamentos adjuvantes. Hoje, Sr. Rogério faz acompanhamento clínico e diz-se muito mais atento com sua saúde do que antes.
"Nada passa com minha saúde sem chamar minha atenção! Faço meus exames de controle, visito médicos periodicamente, me cuido".
Prevenção e Risco
Dr. Eduardo alerta: Assim como para todos os outros tipos de câncer, a atitude preventiva com a prática de atividades físicas, o controle da obesidade e a alimentação balanceada são as principais maneiras para o homem ficar longe do câncer de mama.
Também, ele chama a atenção para os riscos do uso de anabolizantes. "Todos os hormônios anabolizantes são metabolizados, processados no fígado, tendo como produtos finais o estrogênio e derivados, que atuam na mama fazendo o que se chama de estímulo à proliferação do tecido mamário. Como esse crescimento está sendo superestimulado por hormônios, têm-se um risco aumentado ao câncer de mama".
Além do risco do câncer, complementa Dr. Millen, o uso de anabolizantes causa danos hepáticos importantes. "E qualquer dano hepático ocasiona o crescimento na produção de estrogênio, aumentando também o risco à doença".
Mutação genética - Além do uso de anabolizantes, problemas hepáticos (ocasionados, por exemplo, pelo uso excessivo de álcool), obesidade, má alimentação e falta de atividade física, há fatores genéticos ligados ao câncer de mama em homens. Assim como na mulher, a mutação nos genes BRCA aumenta o risco ao câncer de mama. Qualquer homem que tenha um familiar em primeiro grau com diagnóstico de mutação, deve passar por acompanhamento oncogenético.
Fonte: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/reportagem-outubro-rosa-alerta-tambem-vale-para-homens/4218/8/
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