As hepatites virais são doenças infecciosas cujos agentes
têm em comum o tropismo primário pelo fígado. Cinco
vírus são reconhecidos como agentes etiológicos dessas
diferentes hepatites humanas: os vírus das hepatites A (VHA),
B (VHB), C (VHC), D ou Delta (VHD) e E (VHE). O VHA e VHE
são transmitidos de modo fecal-oral e o VHB, VHC e VHD se
transmitem de modo parenteral. A maioria das hepatites
virais agudas são assintomáticas, apresentando uma evolução
geralmente benigna, com baixa letalidade. Entretanto, na
dependência do agente implicado e das características
imunogenéticas do hospedeiro, as hepatites B, C e D podem
progredir para a forma fulminante, para a cronicidade ou para
o câncer de fígado.
A hepatite A apresenta distribuição mundial, a principal via de
contágio é a fecal-oral por veiculação hídrica e de alimentos
contaminados, contribuindo para isto, a estabilidade do VHA
no meio ambiente e a grande quantidade do vírus presente
nas fezes dos indivíduos infectados. Caracteriza-se como a
mais freqüente hepatite viral aguda no mundo.
As infecções pelo vírus da hepatite B mantêm-se como um
sério problema de saúde pública em todo o mundo sendo,
este agente, determinante importante de formas graves de
doença aguda ou crônica do fígado. Segundo a Organização
Mundial de Saúde aproximadamente dois bilhões de pessoas
já foram infectadas pelo VHB, em todo o mundo existindo
aproximadame.
nte 325 milhões de portadores crônicos, com
1 a 2 milhões de óbitos por ano. O vírus se transmite de forma
horizontal, acometendo crianças maiores de cinco anos de
idade e adultos – pelas vias sexual, parenteral e cutâneomucosa
– e de forma vertical, de mãe para filho, atingindo
crianças no período perinatal até os cinco anos de idade. No
Brasil, são encontrados os três padrões de endemicidade, na
Amazônia brasileira, por exemplo, a endemicidade pelo VHB
não é uniforme, existindo áreas de elevada endemicidade nos
vales dos rios Juruá, Purus e Madeira na Amazônia ocidental e
no vale do rio Tapajós na Amazônia oriental, e áreas de baixa
e média endemicidades, nos vales dos rios Xingu, Trombetas
e Tocantins e nas grandes capitais como Belém e Manaus.
A hepatite C geralmente é assintomática e considerada
por muitos a doença infecciosa crônica atualmente mais
importante em todo o mundo, calcula-se que existam em
5.11. Hepatites virais
28 Academia Brasileira de Ciências – Doenças Negligenciadas
torno de 170 milhões de infectados no mundo, com 3-4
milhões de portadores crônicos no Brasil. A hepatite C é a
mais importante causa de transplante hepático em nível
global e no Brasil. O último consenso internacional sustenta
a classificação dos variantes do HCV em seis genótipos (1 a
6). O genótipo do VHC influencia na resposta ao tratamento
antiviral e na progressão da doença. Dados sobre a distribuição
dos genótipos de HCV na região Norte ainda são escassos.
Na maioria das regiões brasileiras, entretanto, predomina o
genótipo 1 – que oferece dificuldades ao tratamento.
A hepatite D ou Delta ocorre em áreas endêmicas de hepatite
B, visto que o vírus delta depende do vírus B para ser
infectante, avalia-se a existência de 18 milhões de infectados
no mundo, sendo que as maiores prevalências encontram-se
no sul da Itália e em algumas áreas da ex-URSS e África, além
da Bacia Amazônica. Na Amazônia prevalece um genótipo
(genótipo III)) que tem sido associado a epidemias de altas
morbidade e mortalidade. Os sobreviventes geralmente
evoluem rapidamente para a hepatite crônica e cirrose.
A hepatite E tem epidemiologia e curso clínico semelhante
à hepatite A. É importante causadora de surtos, podendo
desenvolver quadros graves da doença. Há evidencias
que seja uma zoonose e que os suínos sejam os principais
hospedeiros do VHE. No Brasil, há registro da infecção mas,
apesar das condições sanitárias deficientes em muitas
regiões, ainda não foi descrita nenhuma epidemia.
FONTE: http://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-199.pdf acesso em 18.07.16
Nenhum comentário:
Postar um comentário