domingo, 31 de janeiro de 2021

Mucosite: as temidas feridas na boca

 

Por Natália Mancini

O tratamento do câncer, embora fundamental, definitivamente não é fácil. E quando surge a mucosite então, parece que fica ainda pior…Ela pode aparecer nas mucosas gastrointestinais, durante a terapia. Seus sintomas, quando graves, fazem com que seja necessário interromper os medicamentos. É importante que o paciente previna e trate esse quadro.

Mucosite são inflamações que podem acontecer na boca, faringe, laringe, esôfago e outras áreas relacionadas. É comum que ela apareça em pacientes em tratamento oncológico, pois as células dessas mucosas são semelhantes às cancerígenas. Como ambos os tipos de células se dividem em alta velocidade, o tratamento oncológico não consegue diferenciar as saudáveis das doentes e afeta as duas.

O Coordenador do Comitê de Odontologia da Abrale, Wolnei Pereira, afirma que a mucosite pode ser causada tanto pela quimio quanto pela radioterapia.

“Ela ocorre em aproximadamente 20% a 40% dos pacientes que recebem quimioterapia convencional. Também surgem em 80% dos pacientes que são submetidos à quimioterapia de alta dose para preparo do transplante de células-tronco hematopoiéticas. Além de aparecer em quase todos os pacientes que fazem radioterapia de cabeça e pescoço”, conta Wolnei.

A mucosite é “dose dependente”. Isso quer dizer que está diretamente relacionada com a administração do tratamento. Então, enquanto a quimioterapia estiver agindo, a mucosite poderá se desenvolver. Do mesmo modo que quanto mais alta for a dose da terapia, mais a mucosite reagirá.

Mas é possível que mesmo após o tratamento, ela ocorra. “Pacientes submetidos à radioterapia na região de cabeça e pescoço, podem apresentar mucosite mesmo com o tratamento finalizado”, conta Wolnei.

Ele ainda explica que o principal sintoma é inflamação generalizada da mucosa, então a região fica inchada e vermelha. É possível que essa inflamação leve ao desenvolvimento de feridas causando dor para engolir.

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É preciso ficar atento, pois ela pode causar um comprometimento na evolução do tratamento.

Isso acontece porque há um aumento na chance do paciente apresentar um quadro de febre mais grave e/ou infecções. Como consequência, seria preciso interromper ou diminuir a administração dos medicamentos, prejudicando o processo.

Wolnei alerta que os pacientes de câncer hematológico, como a leucemia, devem ficar ainda mais atentos.

“Aqueles que serão submetidos ao transplante de medula óssea passam por um protocolo de quimioterapia muito agressivo. Isso gera muitos efeitos colaterais, como a mucosite em estágio grave, podendo até colocar a vida do paciente em risco”, diz ele.

Além disso, como dito anteriormente, a mucosite pode interferir na alimentação do paciente. Nessa situação, Wolnei recomenda “dar preferência a alimentos mais pastosos e pouco condimentados, pois as úlceras são bastante doloridas”. Dessa forma evita-se que o paciente tenha um déficit nutricional.

Como tratar a mucosite?

Atualmente, os tratamentos para a mucosite incluem: atenção sobre a higienização dental, laser de baixa intensidade nas áreas afetadas, analgésicos e bochechos com solução anti-inflamatória.

Quem pode prescrever esses tratamentos são os profissionais da Odontologia, de preferência inseridos em uma equipe multidisciplinar.

Wolnei relembra que “como a mucosite é dose dependente, ela desaparece assim que a medicação for eliminada do organismo”.

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Existem dois métodos para prevenir ou diminuir o grau de intensidade:

1º – Laserterapia de baixa intensidade

É preciso que a mucosite já esteja se desenvolvendo para que essas células possam reagir ao laser e ter o efeito esperado. Sendo assim, o laser deve ser aplicado após o início do tratamento, independente se for quimioterapia ou radioterapia.

2º – Crioterapia

Para realizar essa opção, é preciso que aplicação da quimioterapia dure pouco tempo.

O gelo é utilizado para deixar os vasos sanguíneos mais finos, fazendo com que a área pela qual o medicamento pode circular seja menor. Dessa forma diminui a quantidade da droga na boca e evita que a mucosite se desenvolva.

Wolnei recomenda que o paciente se consulte com um cirurgião dentista antes de iniciar o tratamento oncológico para remover possíveis focos de infecção, dentes cariados, raspagem de tártaro e controle da placa bacteriana.

 Fonte: https://revista.abrale.org.br/mucosite-tratamento-de-cancer/ acesso em 31.01.21 às 08:00hs

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