terça-feira, 28 de maio de 2013

RECONSTRUÇÃO DA MAMA PELA REDE PÚBLICA

TEXTO EXTRAÍDO DO JORNAL GAZETA DO POVO - PUBLICADO EM 12.04.2013
Recomendação médica
A reparação da mama não é indicada para todas as pacientes: há casos que permitem a cirurgia única, outros que vão exigir a recuperação tardia e ainda mulheres que não poderão colocar próteses de maneira alguma. Independentemente da situação, a premissa básica do médico é ouvir o desejo da paciente.
Em muitos casos, a reconstrução é feita tardiamente para não atrasar o tratamento do câncer, já que a colocação de próteses pode causar infecções ou rejeição. O adiamento é indicado para mulheres que tiveram tumores agressivos e precisarão passar por sessões de radioterapia. O tempo de espera para a reconstrução é de no mínimo seis meses. Para pacientes muito graves, que tiveram os piores prognósticos, a reconstrução só será indicada de dois a dois anos e meio após a retirada da mama.
O mastologista do Hospital Nossa Senhora das Graças e professor da Universidade Positivo Cícero Urban ressalta que há dificuldades em fazer a reconstrução mamária imediata no mundo todo. No Brasil, os principais problemas são o pagamento na rede pública e a carência de profissionais especializados. “O câncer já é um drama, ele não precisa ser uma mutilação”, defende.
Limitação
Custo da cirurgia é superior à remuneração paga ao hospital
A cirurgia de reconstrução de mama não é uma simples colocação de prótese de silicone: existem técnicas diferentes que se adaptam à necessidade de cada paciente. Há cirurgias em que os médicos usam até mesmo retalhos de tecido muscular e gorduroso.
Em alguns casos, as pacientes devem ser operadas mais de uma vez, porque a reconstrução da auréola e do mamilo não é imediata – geralmente é feita três meses depois, até na rede privada. Além disso, é preciso garantir a simetria do colo.
A prótese de silicone, por sua vez, deve ser comprada pelo gestor municipal. Em alguns casos, médicos usam uma prótese expansora, que prepara o tecido do colo para receber a definitiva posteriormente. “O procedimento não é estético, é uma questão de identidade da mulher. Mesmo quem faz a reconstrução tem dificuldade de aceitar e a cirurgia também tem seu limite”, alerta o mastologista Cícero Urban.
O problema é que o custo dos procedimentos normalmente é superior à remuneração paga ao hospital. Atualmente, um hospital de alta complexidade como o Erasto Gaertner recebe cerca de R$ 3,5 mil para um tratamento completo, que inclui mastectomia e reparação com prótese expansora. O valor dá uma folga de pouco menos de R$ 300 em relação aos custos, mas, como não inclui a prótese definitiva, gera um déficit para o hospital.
No ano passado, o centro médico realizou cerca de 280 cirurgias de câncer de mama e 40% delas foram mastectomias, o que representa pouco mais de 110 casos. Quase metade das pacientes fez a reparação imediata ou em até oito meses. O restante precisa esperar mais tempo. (FT)

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