segunda-feira, 18 de julho de 2016

HEPATITES VIRAIS

As hepatites virais são doenças infecciosas cujos agentes têm em comum o tropismo primário pelo fígado. Cinco vírus são reconhecidos como agentes etiológicos dessas diferentes hepatites humanas: os vírus das hepatites A (VHA), B (VHB), C (VHC), D ou Delta (VHD) e E (VHE). O VHA e VHE são transmitidos de modo fecal-oral e o VHB, VHC e VHD se transmitem de modo parenteral. A maioria das hepatites virais agudas são assintomáticas, apresentando uma evolução geralmente benigna, com baixa letalidade. Entretanto, na dependência do agente implicado e das características imunogenéticas do hospedeiro, as hepatites B, C e D podem progredir para a forma fulminante, para a cronicidade ou para o câncer de fígado. A hepatite A apresenta distribuição mundial, a principal via de contágio é a fecal-oral por veiculação hídrica e de alimentos contaminados, contribuindo para isto, a estabilidade do VHA no meio ambiente e a grande quantidade do vírus presente nas fezes dos indivíduos infectados. Caracteriza-se como a mais freqüente hepatite viral aguda no mundo. As infecções pelo vírus da hepatite B mantêm-se como um sério problema de saúde pública em todo o mundo sendo, este agente, determinante importante de formas graves de doença aguda ou crônica do fígado. Segundo a Organização Mundial de Saúde aproximadamente dois bilhões de pessoas já foram infectadas pelo VHB, em todo o mundo existindo aproximadame.
nte 325 milhões de portadores crônicos, com 1 a 2 milhões de óbitos por ano. O vírus se transmite de forma horizontal, acometendo crianças maiores de cinco anos de idade e adultos – pelas vias sexual, parenteral e cutâneomucosa – e de forma vertical, de mãe para filho, atingindo crianças no período perinatal até os cinco anos de idade. No Brasil, são encontrados os três padrões de endemicidade, na Amazônia brasileira, por exemplo, a endemicidade pelo VHB não é uniforme, existindo áreas de elevada endemicidade nos vales dos rios Juruá, Purus e Madeira na Amazônia ocidental e no vale do rio Tapajós na Amazônia oriental, e áreas de baixa e média endemicidades, nos vales dos rios Xingu, Trombetas e Tocantins e nas grandes capitais como Belém e Manaus. A hepatite C geralmente é assintomática e considerada por muitos a doença infecciosa crônica atualmente mais importante em todo o mundo, calcula-se que existam em 5.11. Hepatites virais 28 Academia Brasileira de Ciências – Doenças Negligenciadas torno de 170 milhões de infectados no mundo, com 3-4 milhões de portadores crônicos no Brasil. A hepatite C é a mais importante causa de transplante hepático em nível global e no Brasil. O último consenso internacional sustenta a classificação dos variantes do HCV em seis genótipos (1 a 6). O genótipo do VHC influencia na resposta ao tratamento antiviral e na progressão da doença. Dados sobre a distribuição dos genótipos de HCV na região Norte ainda são escassos. Na maioria das regiões brasileiras, entretanto, predomina o genótipo 1 – que oferece dificuldades ao tratamento. A hepatite D ou Delta ocorre em áreas endêmicas de hepatite B, visto que o vírus delta depende do vírus B para ser infectante, avalia-se a existência de 18 milhões de infectados no mundo, sendo que as maiores prevalências encontram-se no sul da Itália e em algumas áreas da ex-URSS e África, além da Bacia Amazônica. Na Amazônia prevalece um genótipo (genótipo III)) que tem sido associado a epidemias de altas morbidade e mortalidade. Os sobreviventes geralmente evoluem rapidamente para a hepatite crônica e cirrose. A hepatite E tem epidemiologia e curso clínico semelhante à hepatite A. É importante causadora de surtos, podendo desenvolver quadros graves da doença. Há evidencias que seja uma zoonose e que os suínos sejam os principais hospedeiros do VHE. No Brasil, há registro da infecção mas, apesar das condições sanitárias deficientes em muitas regiões, ainda não foi descrita nenhuma epidemia.

FONTE: http://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-199.pdf acesso em 18.07.16

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