sexta-feira, 30 de novembro de 2018

ALIMENTAÇÃO VIVA - Profª Ana Branco da PUC RJ -

A Convivência com o Biochip
Grupo Aberto de Estudo, Pesquisa e Desenho com Modelos Vivos
LILD –Laboratorio de Investigação em Living Design
Departamento de Artes e Design Puc Rio
Organizadora: Ana Branco    anabranc@rdc.puc-rio.br



Biochip é um grupo aberto de estudo, pesquisa e desenho, que investiga as cores e a recuperação das informações presentes  nos modelos vivos: hortaliças, sementes e frutos. A pesquisa Biochip encontra ressonância e analogia com a prática da Agricultura Ecológica em relação à Terra. Na agricultura convencional, quando uma lagarta come uma planta, ataca-se a lagarta para se defender a planta. Na prática ecológica, ao invés de se agir diretamente na planta, o que é trabalhado é a Terra, o ecossistema, a base onde a planta busca seus nutrientes. Quando o solo também está vivo, a planta pode buscar seus nutrientes com um mínimo de esforço, absorvendo nutrientes, já decompostos pelo metabolismo da Terra.
Para recuperar a vida de um solo ácido, é necessário alcalinizá-lo. Isso é feito com o plantio de sementes e hidratação para que haja biogênese  (geração de vida) e  revitalização.
A diversidade das sementes não somente colabora com a alcalinização como amplia as possibilidades de trocas.
Da mesma maneira, nosso corpo pode ser considerado um latifúndio, alcalinizado e reconectado através da revitalização e da recepção  de informações que se ampliam diante da biodiversidade da vida, quando ingerimos alimentos vivos.
As sementes, hortaliças e frutos crus, como são encontrados na natureza, são concentrados vivos de informações armazenadas - “biochip”.
Reconhecendo que essas informações podem ser decodificadas a partir do contato direto com os modelos vivos e que as cores geradas pela vida da Terra recuperam no nosso corpo informações matrísticas, isto é,  relacionadas diretamente com a nossa origem enquanto mamíferos , foi organizada a proposta do Biochip que busca uma revitalização da relação humana   com a natureza viva .
Aos participantes da pesquisa  são propostas experiências estéticas com esses modelos, a partir de investigações relacionadas com a forma, cor e sabor, que culminam na produção e ingestão de desenhos vivos.
Os materiais para o Desenho de Investigação podem ser rabanetes, cenouras, beterrabas, brócolis, quiabos, couve, tomates, etc . Os  alimentos vivos,  considerados como pigmentos para as composições,  são coletados em hortas de cultivo orgânico  onde acontecem as atividades do Biochip.
Cada participante recebe a indicação inicial de buscar as cores atraentes ao olhar, aromas e sabores interessantes ao paladar.
A hortaliça recém-colhida está no máximo de sua vitalidade: as cores, sabores e informações são, ainda, originais.
Durante a colheita e o processamento, o participante tem seus sensores corporais ativados pelo contato com a terra e pelo ecossistema gerado por esse novo ambiente. Com isso, o organismo humano vai se preparando para receber o alimento.
Cada participante, a partir do contato com a terra , com os modelos vivos e com os processos de coleta, lavagem e investigação das possibilidades formais que cada modelo desperta, organiza  composições individuais com a matéria viva sobre suportes planos.
Durante o Desenho de Investigação, o participante segue os vestígios das modificações geradas pela ação do corte, do tempo, do desencadear do processo de germinação, da mudança de temperatura, fermentação, desidratação, entre outras técnicas.
É importante que, ao desenhar, sejam examinadas com atenção as maneiras como a cor e o sabor podem ser modificados pela forma e as surpresas geradas durante o processo.
A soma dos desenhos individuais compõem um desenho maior, coletivo, sob a forma de mandala.  Este é um desenho que aponta para o centro, usado como instrumento para evidenciar uma ordenação existente porém ainda desconhecida, tendo efeito reorganizador, tanto individual como coletivamente.
Os processos e as descobertas são comentados, os sabores experimentados, as surpresas, as soluções geradas pelo corte e as novidades são incorporadas. Os participantes, então, oferecem seus desenhos e estes são saboreados.
A investigação através do desenho com modelos vivos proporciona uma experiência não somente para o nosso próprio universo afetivo visual ,  como também para o nosso próprio universo afetivo saboroso, impresso culturalmente tanto em nossos olhos como em nossa  boca., conforme nos ensina H.Maturana.
Reconhece-se a relação entre saber e sabor, palavras que têm a mesma origem.
A revitalização das sementes é um aprendizado básico fundamental de recuperação do humano, substituindo-se um caminho de desconexão que carrega metáforas de guerra, ataque, defesa e amortecimento por uma atitude que prioriza a geração de vida como meio de aquisição de conhecimento.
Propomos que as sementes sejam revitalizadas para que seu potencial seja expandido e a espécie humana recorde que o processo criativo é natural no ser vivo.
Para promover a dinâmica desejada a essa aprendizagem foi construído os Laboratórios Itinerantes de Pesquisa do Aprendizado com Modelos Vivos 1 e 2Constituidos por estruturas auto-tensionada de bambu e tecido, sem fundações, com um mínimo de obstáculos entre o interior e o exterior com a intenção de promover a liberdade e a permeabilidade com  o entorno.
Quando instalada, a estrutura sinaliza no ambiente a presença de grupos em atividade, além de circunscrever o espaço da ação, enfatizando o resultado do desenho coletivo. A organicidade e a leveza do material com o qual a estrutura foi construída indicam a atitude necessária para a  atividade, liberando comportamentos e expectativas. Os apoios e assentos estimulam uma postura leve e movimentação ativa do corpo, além de apontarem para a dinâmica da conexão do homem com a terra.
Esses Laboratórios foram projetados para poder ser instalado em diferentes locais, que possuem saberes e sabores característicos, incorporando as variações do novo ambiente.
O sistema construtivo utilizado baseou-se na metodologia de auto-construção e dá continuidade a uma linha de outros objetos em experimentação no campus da PUC Rio.
O Laboratório Itinerante possibilita que a escola vá até onde o conhecimento se encontra, sublinhando e legitimando o saber local e lembrando que a informação existe além das fronteiras formais de aquisição de conhecimento.


Biochip faz parte das atividades desenvolvidas no LILD –Laboratório de Investigação em Living Design do  Departamento. de Artes e Design da PUC-Rio.
Nesse espaço são estimuladas metodologias e técnicas envolvidas no processamento com materiais vivos, aqueles que são encontrados na natureza, prontos para o uso, tais como bambu, argilas e sementes .
A proposta do Biochip é conseqüência das observações e estudos feitos durante as aulas da disciplina Convivências Multidisciplinares do Departamento. de Artes e Design e de experimentos com a comunidade na Bio-Oficina sem vestígios, no LILD. Nesses grupos são discutidas questões de fôrma e forma, como a variação da forma determina a alteração do sabor, a recuperação de informações através do contato direto com materiais capazes de estabelecer “pontes orgânicas”, questões de rompimento da informação a partir da perda da água molecular, desnaturação e eternização da forma e suas conseqüências no indivíduo e na sociedade.
As idéias expostas se orientaram em conhecimentos gerados por estudiosos como: Norman EmersomLyall Watson, Rupert SheldrakeAnn WigmoreNise da Silveira, Humberto MaturanaLutzembergerNasser, entre outros.


Bibliografia


Cousens, Gabriel, M.D.
A Dieta do Arco-Íris
Ed. Record - RJ, 1986
MooneyPat Roy
O Escândalo das Sementes
Nobel - SP, 1986

Wigmore, Ann
Be your own Doctor
Avery Publishing Group
Wayne - NJ, 1984

Conscious Eating
North Atlantic Books, 2000
NakayamaAkira
Os Brotos
Ed. Gaia – SP, 1984

The Hippocrates Dietr
Avery Publishing Group
Wayne - NJ, 1984

Foundation for Inner Peace
Um Curso em Milagres
Tiburon, CA - EUA, 1983
NasserYoussef N.
Princípios de uma Agricultura Ecológica
in "Agricultura Ecológica e a Máfia dos
Agrotóxicos no Brasil"

The Wheatgrass Book
Avery Publishing Group
Wayne - NJ, 1985

Gelineau, Claude
La Germinación en la Alimentación
Ed, Integral - Barcelona - Espanha, 1980
Neri, Valeria C.deCarvalho
Acrilamida em Alimentos:Formação Endógena e Riscos à Saúde PPGVS / INCQS / FIOCRUZ / 2004


The Healing Power Within
Avery Publishing Group
Wayne - NJ, 1983
Jensen, Bernard, Dr.
Semillas y Germinados
Ed. Yug - México, 1986
Pinheiro, Sebastião/ Luz, Dioclécio
Fundação Juquira - Candiru, 1998

The Sprouting Book
Avery Publishing Group
Wayne - NJ, 1986

Guide to Better Bowel Care
Avery, Penguim Putnam Inc.1999


Ritchie, Carlson I A.
Comida e Civilização
Assírio e Alvim - Lisboa, 1981


Tompkins, Peter
A Vida Secreta das Plantas
Expressão e Cultura - RJ, 1986

Kulvinskas, Viktoras P.
Nutrition Evaluation of Sprouts and Grasses 21st Century Publications - FairfieldIowa - EUA, 1983
SoleilDr.
Você Sabe se Alimentar
Ed Paulus – SP, 1992

Varela, Francisco
Ética y Acción
Dolmen Ediciones - Chile, 1996

Survival into the 21st Century
Omangod Press - Woodstock Valley - EUA, 1975


Você sabe se desintoxicar
Ed. Paulus – SP, 1992


Un Puente para Dos Mirada
Dolmen Ediciones - Chile, 1997

Maturana, H. R.
A Árvore do Conhecimento
Ed. Psy II - SP, 1995

SteimerRudolf
Fundamentos de Agricultura Biodinâmica
Ed. Antroposófica - 1993
Lévi-Strauss, Claude
O Cru e o Cozido
Ed. Brasiliense - SP, 1991
El Sentido de lo Humano
Dolmen Ediciones - Chile, 1995

Grant, Doris
A Combinação dos Alimentos
Ground Ed. - SP, 1992
Informações Básicas sobre as monoculturas de árvores e as industrias de papel Via Campesina RGSulhttp://www.sof.org.br/marcha/paginas/
De Máquinas a Seres Vivos
Autopoiese - A Organização do Vivo
Ed. Artes Médicas - Porto Alegre, 1997




Amor y Juego
Fundamentos Olvidados de lo Humano
Ed. Instituto de Terapia Cognitiva - Chile, 1994

Meyerowitz, Steve
Sprouts – The Miracle Food
The Sprout House - 1997

Fonte: http://anabranco.usuarios.rdc.puc-rio.br/arquivos/biochip-texto.htm acesso em 30.11.18 às 08:15hs

Nenhum comentário:

Postar um comentário