sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Câncer de próstata: nova técnica pode ajudar a recuperar função erétil mais rápido

 Estudo realizado por cirurgiões oncológicos brasileiros com pacientes operados para a retirada total de câncer de próstata mostrou que a técnica de cirurgia robótica, que não entra na cavidade abdominal, permite a recuperação mais rapidamente da função erétil, além de apresentar menor risco de lesões e dor.

Para comprovar o método foi realizada uma análise retrospectiva com 1.088 pacientes do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo, entre o período de maio de 2013 a dezembro de 2017, em que eles foram divididos e tratados com a utilização de duas modalidades de cirurgia robótica.

Cirurgia robótica no câncer de próstata

Em um grupo, estavam os operados entre maio de 2013 e novembro de 2014, que foram submetidos à técnica robótica transperitoneal padrão. Em outro, os pacientes submetidos à cirurgia entre dezembro de 2014 e dezembro de 2017 foram tratados com a modalidade robótica com acesso extraperitoneal.

Entre os resultados do estudo, foi demonstrado que 75% dos homens operados com a técnica extraperitoneal recuperaram a função erétil em até um ano após o procedimento, com o tempo médio de recuperação de 9,4 meses.

No caso da cirurgia robótica transperitoneal, a recuperação no mesmo período foi possível para 53,5% dos pacientes, com o tempo médio de retorno da função erétil de 16,3 meses.

“No acesso extraperitoneal, o sangue e a urina não têm contato com as alças intestinais, permitindo um menor risco de irritação do peritônio. A técnica também possibilita menor pressão sob o diafragma, facilitando o processo de anestesia. Esses fatores permitem uma recuperação mais rápida e eficiente”, ressalta o autor principal do estudo, o cirurgião oncológico, Gustavo Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos do grupo BP-A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

A não necessidade da utilização de grampos é outra vantagem dessa técnica. Segundo Gustavo Guimarães, por mais que seja seguro, o grampo é um corpo estranho ao organismo e alguns podem migrar de um lugar a outro. “Usar ou não grampos vai além de ser uma escolha técnica. É uma segurança maior oferecida por uma modalidade de cirurgia robótica eficaz e reprodutível”, acrescenta o especialista.

Próximos passos do estudo

Os próximos passos dos pesquisadores serão a realização de mais estudos colaborativos, prospectivos e randomizados.

“São a forma mais rápida e segura de conseguir testar uma hipótese científica. Sempre devemos, na medida do possível, incentivar estas colaborações, de preferência internacionalmente”, explica Gustavo Guimarães.

A evolução da cirurgia robótica para o câncer de próstata

A prostatectomia radical por laparoscopia assistida por robô é uma técnica de oferecida desde o ano 2000 para pacientes diagnosticados com câncer de próstata. Após quase 20 anos, cada vez mais indivíduos são operados com o uso de robô, inclusive no tratamento de outros tipos de câncer.

Os dados no Brasil são escassos. Mas, nos Estados Unidos, aproximadamente 50% dos pacientes com tumor localizado da próstata são operados e destes, 85% são realizados por cirurgia robótica.

De acordo com Gustavo Guimarães, o maior entrave para a utilização da cirurgia robótica para pacientes com câncer de próstata é o alto custo do procedimento.

“Além disso, no Brasil, ainda temos um número relativamente pequeno de máquinas, o que dificulta o acesso ao treinamento do profissional que vai operar por robô. Por sua vez, estudos mostram que investir em cirurgia robótica traz um custo-benefício efetivo, resultando em menos intercorrências, menor tempo de internação, entre outros benefícios, que diluem, a médio prazo, o valor investido”, reforça o cirurgião oncológico.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Fonte: https://pebmed.com.br/cancer-de-prostata-nova-tecnica-pode-ajudar-a-recuperar-funcao-eretil-mais-rapido/ acesso em 27.11.20 às 06:35hs

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