sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Ministério prepara SUS para lei que dá prazo de atendimento para câncer

O Ministério da Saúde já começou a tomar medidas para adaptar o Sistema Único de Saúde (SUS) à lei que torna obrigatório que o paciente com câncer seja atendido num prazo máximo de 60 dias após o primeiro diagnóstico. A regra passa a vigorar em maio.

Na última semana, o ministério publicou uma portaria que acrescenta novos tipos de cirurgia oncológica aos procedimentos que podem ser feitos em hospitais da rede pública. Segundo a assessoria do órgão, também já começou a preparar medidas para ajudar estados e municípios a cumprirem a nova regra, incluindo o aumento de repasse de verba.

Segundo a pasta, que apoiou a imposição de um prazo de 60 dias para o atendimento ao paciente de câncer, nos últimos três anos, os gastos federais com assistência oncológica no país aumentaram 26%, passando de R$ 1,9 bilhão (em 2010) para R$ 2,4 bilhões (em 2012). Os valores aplicados englobam cirurgias, radioterapia e quimioterapia.

O aumento de recursos serviu para ampliar a assistência a pacientes atendidos nos hospitais públicos e privados que compõe o SUS, sobretudo para os tipos de câncer mais frequentes, como pele, mama, colo de útero, próstata, pulmão, cólon e reto.

Em 2011, o governo lançou o Plano Nacional de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Colo do Útero e de Mama, estratégia para expandir a assistência oncológica em todo o país. Até 2014, o ministério promete investir R$ 4,5 bilhões no plano.

Lei

Pela lei que passa a vigorar em 2013, se o caso for grave, o prazo de atendimento pode ser menor que 60 dias. O intervalo de dois meses é contado a partir da confirmação do diagnóstico, e o tratamento pode ser cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. O texto também prevê acesso "gratuito e privilegiado" a analgésicos derivados do ópio (como morfina) a pacientes que sofram com dores intensas.

Os estados que possuem grandes espaços territoriais sem serviços especializados em oncologia deverão produzir planos regionais para atender à demanda dentro do prazo estabelecido.

Segundo um levantamento publicado pelo Tribunal de Contas da União em outubro de 2011, o tempo médio que o SUS leva para iniciar um tratamento de quimioterapia é de 76,3 dias após o diagnóstico. Na radioterapia, o tempo aumenta para 113,4 dias.

Dentro da recomendação médica

Para o oncologista clínico Aldo Lourenço Dettino, do Hospital do Câncer A.C. Camargo, em São Paulo, o período de dois meses entre o diagnóstico e o início do tratamento é adequado. Segundo ele, a recomendação da Organização Mundial da Saúde é de entre seis e oito semanas -- ou seja, a nova lei está de acordo.

O atraso para começar o tratamento pode dar tempo para que o câncer avance, por isso é importante começar rápido. "No mínimo, quanto antes começar, menor a ansiedade", apontou o especialista.

No entanto, ele ressaltou que o prazo de mais de um mês é necessário para que os médicos escolham o melhor tipo de tratamento para cada caso específico. A decisão entre, por exemplo, uma cirurgia ou a quimioterapia, depende de exames que demoram para ficar prontos.

"Sem ter todos os dados, você pode não julgar idealmente o risco clínico e o risco oncológico", ponderou Dettino.

Fonte: G1 in www.oncoguia.org.br

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