sexta-feira, 7 de junho de 2013

jovem em luta contra o câncer

Há quase cinco anos, a rotina do desenhista Reginaldo Carlos da Silva Filho inclui, todas as semanas, pelo menos uma viagem aoRecife. O jovem, de 23 anos, mora em Lagoa de Itaenga, a 69 quilômetros da capital pernambucana, mas a cidade não dispõe de atendimento para pacientes com câncer. Em 2008, ele descobriu que tinha câncer ósseo, contra o qual vem lutando desde então.
Casos como o dele serão beneficiados pela lei que entra em vigor nesta quinta-feira (23) e obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a iniciar o tratamento de câncer em até 60 dias após o diagnóstico.
Entre o surgimento dos primeiros sintomas e o início do atendimento no HCP, Reginaldo Filho peregrinou por oito meses. O jovem sentia fortes dores na perna, chegando a perder o sono. “Eu fui para um médico em Carpina, ele me passou remédio e mandou para casa, mas não resolveu. Fui para outro médico, em Limoeiro, mas só um terceiro médico fez um raio-X e me disse que podia ser um tumor”, recorda Reginaldo.
Não vou desistir, é manter a cabeça erguida e ter Deus em primeiro lugar. Ele me trouxe até aqui"
Reginaldo Filho, paciente de câncer
Aos 17 anos, Reginaldo foi diagnosticado com câncer ósseo na perna esquerda. Os três meses que levou para descobrir o tipo de câncer e a extensão da doença foram de muita apreensão. O adolescente namorador, que largou a escola para trabalhar em uma fábrica de tijolos, se viu sem perspectiva. “Eu me perguntava se ia morrer, tinha a sensação de que estava tudo acabado. Eu era muito novo, foi difícil”, conta o jovem, que atualmente trabalha como desenhista.
Já no HOSPITAL CANCER PERNAMBUCO, após o diagnóstico, foram necessários mais cinco meses, entre consultas e exames, para que o jovem iniciasse o tratamento. “A primeira quimioterapia foi muito boa, a dor sumiu. A pessoa chega a ficar sossegada, consegue dormir à noite. Fiquei animado”, lembra Reginaldo, que não teve do que reclamar durante o tratamento, exceto do sabor do remédio. "No começo, é muito ruim, a gente enjoa, tem que chupar uma bala, comer uma fruta para tirar o gosto da boca", lembra Reginaldo.
Amputação e desafios
Porém, um ano e meio depois de terminado o tratamento, o câncer voltou mais abaixo na perna. Também ósseo e agressivo, os médicos acabaram optando por uma cirurgia. “Foi preciso amputar parte da minha perna, para não correr o risco”, explica o jovem, que passou depois por acompanhamento de controle, para garantir que a doença não voltasse.
Atendimento no Hospital de Câncer de Pernambuco
EspecialidadeLeitos
Clínica médica56
Oncologia clínica46
Cirurgia94
Unidade de Tratamento Intesivo (UTI)10
Recuperação pós-anestésica6
Urgência5
Pediatria13
Total230
Fonte: Hospital do Câncer de Pernambuco
Depois do que parecia ser uma vitória contra a doença, o jovem resolveu se permitir viver um pouco mais e viajou para a casa da irmã, em São Paulo. Lá conheceu pessoalmente uma prima, Laudiceia da Silva, atualmente com 30 anos, após nove meses de conversa à distância.
Eles se apaixonaram. “O jeito dele, a pessoa que ele é, tudo isso me conquistou”, conta Laudiceia, que largou a vida em São Paulo e foi para o Recife quando Reginaldo descobriu que o câncer ressurgira, agora no pulmão direito. “O plano da gente era que eu voltaria para o Recife para fazer a revisão e depois ia morar com ela em São Paulo”, lembra Reginaldo.
A descoberta do novo câncer não foi fácil. A família ajudou na mudança da jovem para Pernambuco. “Quando a gente descobriu, eu não conseguia mais trabalhar, não conseguia fazer nada, só pensar nele. Minha família ficou preocupada, mas entendeu. Eu larguei tudo e vim para cá, ficar com ele”, conta Laudiceia, que não se arrepende da mudança.
Em fevereiro deste ano, os dois se casaram no civil, emLagoa de Itaenga. Em abril, aconteceu a cerimônia religiosa, organizada pelos voluntários do Hospital do Câncer. Por sinal, foi com os voluntários que Reginaldo redescobriu o gosto pelo desenho. “A arte me ajudou a ‘esquecer’ que tinha câncer e viver a vida. É como diz o ditado: dormir com câncer, mas não acordar com ele”, explica o jovem, confiante.
Atualmente, o casal enfrenta um novo desafio. Após o tratamento do câncer no pulmão direito, foi identificado outro tumor no pulmão esquerdo. “Eu já estou fazendo os exames de sangue para começar a quimioterapia. Não vou desistir, é manter a cabeça erguida e ter Deus em primeiro lugar. Ele me trouxe até aqui”, acredita Reginaldo.
Reginaldo e Laudiceia se casaram no HCP; os dois vem de Lagoa de Itaenga no transporte da Prefeitura. (Foto: Katherine Coutinho/G1)Reginaldo e Laudiceia se casaram no HCP; os dois vêm de Lagoa de Itaenga no transporte da Prefeitura. (Foto: Katherine Coutinho/G1)


Desenho feito por Reginaldo, que assina como Carlos Silva. (Foto: Reginaldo Carlos da Silva Filho / Acervo pessoal)Desenho feito por Reginaldo da esposa,
Laudiceia. (Foto:Reginaldo Carlos da Silva Filho
/ Acervo pessoal)















Fonte: G1


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