sexta-feira, 7 de junho de 2013

Jovem mostra que alegria é 99% do tratamento contra câncer

Ela tem 24 anos, é estudante, cursando o último semestre de Fisioterapia, e mora em São Paulo, capital. Evelin de Moraes Scarelli descobriu há um ano que era uma das vítimas do câncer de mama. Lidar com essa doença não é tarefa fácil, e quando se é mais nova fica menos ainda, já que não parece ser algo tão usual na vida de uma jovem menina.
Evelin nos conta como vivenciou esse momento da descoberta. “Foi um processo diferente. Como sou muito jovem e não tenho histórico familiar, realizei uma cirurgia apenas para a retirada de um nódulo benigno. À primeira vista, o médico não acreditou no resultado e então, sem que nós soubéssemos, encaminhou o exame para revisão com outros patologistas. Demorou mais de um mês até que o resultado da biopsia chegasse em nossas mãos”, lembra.
Assim como ela mesma diz, receber uma notícia de que se tem o câncer de mama tão jovem parece ser surreal. Ela não imaginava que aquilo estava, de fato, acontecendo em sua vida. Como em qualquer doença, é preciso passar por alguns tratamentos e cuidados específicos. Evelin conta que o tratamento do câncer de mama é muito intenso e que, assim que recebeu a notícia do médico, ele já indicou a retirada das duas mamas. Porém, ao ver que o caso dela não era tão comum para a medicina, ele preferiu consultar outros profissionais para avaliar a melhor conduta e acabou por realizar uma mastectomia com esvaziamento axilar apenas no lado acometido pelo câncer. “Tive um mês para respirar e ‘curtir’ o pós-operatório antes de dar inicio às sessões quimioterápicas. O resultado da biopsia chegou no meio desse segundo processo, apontando mais um tipo de carcinoma, fazendo com que eu viesse a precisar de 28 sessões de radioterapia”, conta.
A todo tempo a jovem menina fala que teve muito apoio dos colegas e da família nesse processo. “Tivemos uma grande ajuda dos amigos mais próximos em relação a como deveríamos nos portar diante a todas as mudanças necessárias de estilo de vida. Isso porque hoje a minha alimentação é outra, tendo como base o tratamento nutricional que fiz paralelo ao oncológico. Por coincidência, a minha nutricionista tinha acabado de se curar de um câncer e me deu valiosas dicas”, diz. Evelin conta que enquanto fazia a quimioterapia, tinha uma dieta específica e ingeria muito líquido. “Abusei dos sorvetes de palito para o enjoo e cortei alimentos que pudessem ‘fermentar’ no meu estômago. Funcionou, não vomitei em nenhuma sessão”, lembra.
“Quase todo mundo tem a tendência a pensar que o câncer chega acompanhado de uma avalanche de coisas ruins, o que realmente acontece se você estiver focando as coisas dessa maneira”, afirma. É claro que o câncer trouxe algumas restrições e complicações na vida de Evelin, mas ela comenta que foi nas dificuldades que surgiram benefícios muito maiores. “O câncer me prejudicou em um ponto que não era físico, no famoso ‘querer não é poder’, já que eu dependia fisicamente de quase tudo. Quanto aos malefícios físicos, a gente se adapta”, diz. Ela conta o médico indicou a ela que fizesse apenas uma caminhada leve, durante o dia, a fim de combater os efeitos colaterais da medicação e, também, se distrair. “Não tenho dúvidas de que, em meia hora do meu dia destinado a essa atividade, muitos dos efeitos colaterais da quimioterapia não ocorreram no meu organismo”, lembra.
Com o objetivo de compartilhar com a sua família que morava distante e mesmo com seus amigos como estava o andamento do tratamento e seus pensamentos a respeito, Evelin decidiu criar um blog, o Lenço Cor de Rosa. Quando se deu conta, os acessos estavam aumentando cada vez mais e outras meninas e mulheres que tinham a doença também estavam compartilhando suas histórias. “Jamais imaginei tantos acessos e carinho das pessoas. Acredito que o fato de eu ter um câncer considerado raro entre os jovens foi um ponto fundamental para a notícia se espalhar na velocidade que aconteceu, mas acredito que isso também se deu por minha maneira positiva e cheia de gratidão ao encarar essa situação. Queria poder arrumar uma forma de agradecer a todos pessoalmente, mas como sei que isso não será possível, respondo da melhor maneira possível: fazendo toda essa energia do bem circular”, diz.
Evelin está praticamente no final do tratamento, mas ainda não teve a resposta definitiva do médico se o câncer está em remissão. Mesmo assim ela não cansa de repetir que o privilegio de estar viva a faz comemorar todos os dias. “Minha vida mudou instantaneamente após o diagnóstico. Tive, com o tempo, que aprender a perder a pressa para a vida. Hoje, raramente me decepciono ou perco a calma com algo. O câncer me ensinou a ter paciência, a saber que tudo aconteceria inevitavelmente no tempo certo. Acredito que esteja agora, no meu estilo de vida mais saudável”, reflete.
A jovem menina que vive essa história de superação ainda deixa um recado carinhoso para as mulheres que possuem o câncer de mama. “Às novas companheiras de jornada, mantenham a calma e respirem fundo. Com toda certeza desse mundo, haverá uma nova maneira de encarar a vida. Hoje, depois de quase todo o processo oncológico terminado, acredito que as dores físicas e as cicatrizes me mostram exatamente isso: sou uma nova mulher, uma Evelin muito mais madura e com muito mais conhecimento e serenidade que a menina Evelin, pré-câncer. Leve o seu tempo até aceitar esse processo, mas esteja aberta para encarar essa fase de adaptação com outros olhos. Se você estiver disposta a jogar o que eu chamo carinhosamente de ‘combo’ (medo da morte e sofrimento) pela janela e se arriscar a enxergar a vida e o câncer com bom astral, gratidão e harmonia, a vista aqui desse outro lado é espetacular”, diz.
*Matéria publicada em outubro de 2012
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